Matéria Correio Braziliense 29/08 - "Rótulos para quê?"

domingo, setembro 13, 2015 0 Comments



Um pouco sobre a nossa trajetória e A Ponte no Correio Braziliense (Revista da Cidade) - 29/08.

RÓTULOS PARA QUÊ?


Samara Dairel Ribeiro passou 20 dos seus 44 anos feliz na profissão que escolheu. Durante esse tempo, ela exerceu a psicologia por 10 anos no serviço público e por outros 10 em empresas. Sua paixão eram os trabalhos coletivos de cunho social. Em 2006, veio a sensação de que o ofício já tinha dado o que tinha que dar. “Quando fiz a transição do serviço público para o trabalho empresarial, já sabia que estava indo para um rumo que ainda não estava muito claro”, detalha. “Mas foi como um barco que me levou de um lado para o outro. Depois de um tempo, aqueles aprendizados já estavam internalizados e eu precisava buscar outras coisas.”

À época, Samara morava em Minas Gerais. Ela sentia que precisava mudar, não só de profissão, mas de ares. Sem qualquer explicação aparente, Brasília apareceu como opção principal. “Foi intuitivo. Eu não sabia exatamente o por quê ou o quê estava me esperando aqui, mas sabia que o local era esse.” Os seis primeiros meses em terras candangas foram sabáticos, preenchidos com cursos pontuais. A ponte Minas Gerais-Brasília começou a se tornar impraticável -- Samara voltava à cidade natal para alguns trabalhos ainda na área da psicologia -- e, em 2013, dois anos após sua chegada aqui, ela tomou a decisão de encerrar mais este ciclo e devolveu sua carteira de psicóloga ao Conselho Regional de Psicologia.

Desprovida de identidade profissional e munida de novos conhecimentos, Samara teve a ideia de criar A Ponte, uma ideia/movimento para “conectar pessoas em busca de transformação, por meio do potencial ilimitado da consciência”, de acordo com o site oficial da empreitada. Em outras palavras, o portal promove pessoas, acontecimentos, experiências e eventos voltados para o auto-conhecimento. De coachings para ajudar a encontrar o trabalho dos sonhos à melhor forma de trabalhar o pensamento quântico, passando por técnicas para libertar o "poder inexplorado da voz", o projeto divulga diversos tipos de atividades.

Durante a fase de gestação do projeto, Samara conheceu Danae Speciale, 33 anos. Formada em publicidade e propaganda, Danae passou por um processo de auto-descobrimento semelhante ao de Samara. Após nove anos atuando na área, ela sentia que havia a “busca pelo título” de publicitária. Com o tempo, além do rótulo profissional, a própria natureza do trabalho começou a incomodar. “Sentia que eu estava produzindo lixo, coisas erradas. Muito do que eu fazia, eu nem acreditava”, define. Mesmo com um salário confortável e previsão de crescimento dentro da empresa, ela resolveu largar tudo para ir em busca do que realmente se identificava.

Começava, então, a busca por si mesma. A venda do carro financiou uma viagem à São Paulo, para estudar o Método Rolf de Integração Estrutural, técnica de organização postural. “Serve para ver de uma forma terapêutica como você se reestrutura”, explica. No segundo dos três anos de formação, ela quis ir ainda mais fundo: entrou para a faculdade de fisioterapia. Voltou para Brasília, terminou o curso, mas ainda não estava satisfeita. Fez uma especialização em acupuntura, entre várias outras. “Sempre tive isso, de fazer várias atividades. Tudo que eu queria fazer, dava conta. Pensava como isso iria se encaixar em uma profissão.”

Com o A Ponte, Danae descobriu que poderia unir todos os conhecimentos em uma só atividade -- sem precisar da segurança dos rótulos “publicitária”, “fisioterapeuta” ou “acupunturista”, por exemplo. “É como se eu tivesse encontrado um lugar em que eu pudesse fazer tudo que eu achei que tinha capacidade de fazer de formas diferentes.” Quando o projeto começou, há dois anos, ela ainda tinha um ano de fisioterapia por cursar. O projeto foi dando certo e exigindo ainda mais dedicação. “Tive que fazer uma escolha de novo, então, larguei a faculdade.” A segunda quebra encontrou maior resistência da família. “De novo?”, “Será que agora vai?” eram perguntas frequentes. Mas Danae não se desestrutura com críticas ou questionamentos. Para ela, o que importa é se sentir bem consigo mesma. “Todos os meus conhecimentos me deram base. É como se agora eu estivesse trabalhando com publicidade de uma forma que eu acredito.”

0 comentários: